Olá, boa noite e
obrigada a todos por terem vindo assistir ao espetáculo da Oficina de Teatro da
turma do 10º ano.
Gostava de vos
apresentar rapidamente o nosso trabalho, baseado no romance de Carlos de Oliveira,
Uma Abelha na Chuva, publicado em 1953. Um romance neorrealista que
surge durante o Estado Novo português.
Os 29 alunos da
turma do 10º ano adaptaram o romance de Carlos de Oliveira ao modo dramático. A
distribuição dos vários personagens pelos alunos da turma faz com que todos
subam ao palco esta noite. Uma realidade nem sempre fácil de gerir por exigir
que todos tenham tido de aprender um papel, tratando ao mesmo tempo de todas as
outras questões ligadas à montagem de um espetáculo teatral, do cenário, dos
sons, das luzes, dos adereços e do guarda-roupa para dar apenas alguns
exemplos. Agradeço, em nome da turma, a todos os alunos da Secção que aceitaram
colaborar neste espetáculo como figurantes. Refiro-me a irmãos e amigos da
turma de Seconde: à Maëlys, à Antonella, à Laura, ao Gonçalo, ao Leonel, ao
Francisco, ao Rafael, ao Óscar e ao Federico.
A escolha da obra neorreslista
merece uma explicação. Carlos de Oliveira nasceu em 1921, há precisamente cem
anos. Por isso a oficina de teatro deste ano se baseia no seu romance Uma
Abelha na Chuva. Através desta obra conhecemos melhor a sociedade
portuguesa dos anos cinquenta, tomamos consciência da miséria e da opressão em
que se vivia, da hipocrisia social. O dinheiro comandava a vida. O povo
aspirava a ascender socialmente pelo casamento. Burgueses e fidalgos casavam-se
por interesse. Os padres não respeitavam todas as normas.
A ação situa-se na
aldeia do Montouro, no outono. O casal central é formado por Álvaro Silvestre e
Maria dos Prazeres Silvestre. Casaram por conveniência, têm um elevado estatuto
social e económico. Ele provém de uma família de comerciantes abastados e ela
descende de uma família de fidalgos arruinados. A partir da vida deste casal
conhecemos a frustração, a culpa, os desejos traídos, a pureza perdida, o medo
da morte, o álcool, tudo apodrece e isso reflete-se na natureza do outono: está
sempre a chover, há muito vento, troveja. O padre Abel gosta de comentar a vida
alheia e vive com a D. Violante uma senhora cuja sabedoria está assente em
provérbios. Nos serões, em casa dos Silvestres, estão igualmente presentes a
professora primária, D. Cláudia, e o Doutor Neto, o médico da região. Eternos
namorados à espera do momento certo para casar. A enquadrar este ambiente estão
duas metáforas que se anunciam no título: a metáfora da chuva e a metáfora das
abelhas. A metáfora da chuva representa a opressão em que viviam as pessoas. A
metáfora das abelhas vem destacar o destino trágico do único casal que viveu um
amor puro nesta obra: o cocheiro Jacinto e a filha do oleiro, a Clara.
Mas chega de conversa e comecemos.
Agradecemos que desliguem os telemóveis e que não tirem fotografias com flash durante a representação.
Bom espetáculo!
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